Os três Gryffindor e o Slytherin olhavam para Blaise Zabini com surpresa. Ninguém esperava vê-lo ali, ninguém esperava que ele ao menos concordasse com alguma coisa que envolvesse Harry Potter, uma Weasley e principalmente Hermione Granger. Hermione já ia falar quando o “intruso” se adiantou.
- Não olhem para mim assim. Pensavas que eu não sabia de nada Draco? – Disse ele olhando para o loiro que com a surpresa não conseguiu sequer falar. – E digo-vos já que eu sei quem foi contar ao papá do Draquinho sobre o futuro neto. – Zabini piscou o olho a Draco, sabia que ele iria entender aquela indirecta.
- Não pode ser. Como é que ela sabia? – Perguntou Draco percebendo a quem o amigo se referia.
- Pansy estava na enfermaria no dia em que vocês souberam da novidade. – Ele falou isso olhando directamente para o ventre de Hermione. – E como todos vocês já devem ter percebido ela é louca pelo Draco e odeia a sangue… A Granger.
- Eu vou mata-la!
Foi tudo o que Draco disse antes de correr para dentro do castelo. Os outros ficaram alguns segundos a tentar processar a informação que Zabini acabara de dizer e só despertaram dos seus transes quando ouviram alguém gritar perto deles.
- Draco. – Gritou Zabini receando o que o amigo poderia fazer à colega de equipa.
Todos correram atrás do loiro mas ele era mais rápido e tinha alguns segundos de vantagem. Quando chegaram ao Salão Principal já era tarde de mais, Draco já tinha encontrado quem procurava.
- Como é que tu tiveste coragem de contar ao meu pai? – Gritava Draco enquanto segurava Parkinson com força pelo braço. – Tu tens sequer a noção do mal que causaste?
- Mas Draquinho a sangue de lama…
- Nunca mais voltes a chama-la assim, entendeste? – Gritou Draco furioso e apertando mais ainda o braço da Slytherin. – Porque ficas já avisada que se a voltas a insultar ou sequer tentares prejudica-la novamente eu não vou responder por mim. Ficas avisada Parkinson!
Draco empurrou-a e ela caiu ao chão chorando. Todos no salão, inclusive os professores, que naquele momento já se encontravam de pé caso fosse necessário intervir, olhavam aquela cena sem entender nada. O loiro virou costas, ignorando o choro da colega de equipa e olhou para Hermione. Ela encontrava-se na entrada do Salão Principal junto com os outros três e olhava aquela cena apavorada, ele podia ver isso no seu olhar.
- Hermione. – Disse Draco gentilmente quando chegou perto dela, tentando tocar-lhe a face.
- Não me toques. – Disse ela virando o rosto, agora molhado pelas lágrimas.
Draco olhou-a confuso mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa ela correu para longe dele, deixando todos para trás sem entenderem o que tinha acontecido. Nenhum deles reparou, mas ao longe, na mesa de Gryffindor, alguém observava aquela tudo aquilo com especial atenção.
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Querido diário,
Eu não sei o que aconteceu mas eu fiquei apavorada. Ver Draco tratar daquela forma a Parkinson assustou-me. Não que eu esteja a favor do que ela fez, claro que não, ela pôs em causa a vida do meu filho quando decidiu contar a Lucius Malfoy sobre a minha gravidez, mas ver Draco daquela forma assustou-me. Fez-me lembrar do antigo Draco Malfoy. Pior, a ameaça que ele lhe fez recordou-me o Draco Malfoy do sexto ano, quando ele foi capaz de usar pessoas inocentes, quase matando-as, para atingir os seus objectos. Oh, eu sei que ele foi obrigado a isso mas mesmo assim eu fiquei com medo dele.
Eu não conseguia sequer olhar para ele ou deixar que ele me tocasse. O que é que eu faço agora? Eu não posso viver com medo dele, eu não posso viver com medo do pai do meu filho!
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Hermione molhava mais uma vez as folhas do seu diário. As lágrimas saiam dos seus olhos sem que ela sequer tentasse impedi-las. Ela estava mais uma vez na biblioteca, sabia que seria o primeiro lugar onde a iriam procurar mas aquele era o único lugar daquele imenso castelo onde ela se sentia bem naqueles momentos.
A morena assustou-se quando se sentiu ser abraçada, mas ela sabia quem era, era impossível esquecer aquele cheiro. Hermione não fugiu desta vez e ficou ainda mais surpresa quando sentiu algo molhado no seu pescoço, Draco chorava e isso fê-la chorar mais ainda.
- Desculpa. – Sussurrou Draco abraçando-a com mais força.
Hermione levantou-se bruscamente e Draco já esperava que ela fugisse novamente dele, mas não foi isso que aconteceu. Ela simplesmente lhe deu um estalo e depois começou a chorar mais ainda, tapando a cara com as mãos.
- Seu… Idiota… - Ela dizia pausadamente devido ao choro e a sua voz abafada pelas mãos. – Tu assustaste-me!
Draco puxou-a para si e abraçou-a. Sabia que tinha agido errado, mas ele estava furioso, não tinha conseguido controlar-se. Hermione deixou-se novamente ser abraçada por ele. Draco sentou-se na cadeira que ela antes estava e sentou-a no seu colo, sem nunca deixar de abraça-la. Hermione aninhou-se no seu peito e ambos permaneceram em silêncio, um silêncio que para eles dizia mais do que mil palavras, um silêncio que para ela significava muito mais do que mil palavras de perdão que ele pudesse dizer.
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Querido diário,
É uma da manhã e eu cheguei agora ao meu quarto. Ainda sinto um pouco de medo sempre que me lembro do olhar de Draco e das ameaças a Parkinson mas agora está tudo bem, ou pelo menos assim espero.
Draco não disse mais nada depois que eu lhe bati, apenas ficamos lá em silêncio durante horas. Por vezes sentia uma lágrima de Draco cair sobre o meu cabelo, eu sei que ele está arrependido do que fez e eu tenho a certeza que ele se sentiu muito mal quando eu me afastei dele no Salão e aquilo foi a sua maneira de me pedir desculpas.
A minha cabeça parece que vai explodir, eu acho que preciso de uma boa noite de sono, mas eu não acredito que consiga isso.
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Hermione fechou o diário e guardou-o como era costume debaixo do colchão. Ajeitou-se melhor debaixo dos cobertores e fechou os olhos. Demorou para que conseguisse adormecer, as imagens daquela cena no Salão Principal não saía dos seus pensamentos, mas quando finalmente conseguiu adormecer, teve uma das piores noites dos últimos meses. O olhar enraivecido de Draco agora não se dirigia a Parkinson mas a ela, causando-lhe medo, e a juntar a isso teve pesadelos horríveis sobre Lucius Malfoy e o seu bebé.
Ela acordou agitada várias vezes com lágrimas a escorrerem pela sua face. Na manhã seguinte quando o despertador tocou ela só tinha uma certeza. O pesadelo era real e estava apenas a começar.
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