Draco caminhava calmamente pelos
corredores escuros e frios de Hogwarts. Já se tinham passado três dias desde
que ameaçara Pansy e parecia ter surtido o efeito esperado, apesar de ele ainda
se sentir extremamente culpado por ter feito Hermione chorar mais uma vez. Ele
tinha ficado destroçado quando a encontrou na biblioteca e viu no seu diário
que ela tinha medo dele. Naquele momento ele odiou-se!
Perdido nos seus pensamentos não viu que
estava a ser observado à algum tempo, soube apenas que não estava sozinho
naquele corredor quando uma voz conhecida o chamou. Draco olhou para trás e não
conseguiu esconder a surpresa por vê-lo ali.
- O que é que tu queres Weasley? – Disse
Draco virando-se novamente de costas para ele. – Vieste rir-te de novo na minha
cara?
- Isso seria uma excelente ideia Malfoy.
– Disse o ruivo aproximando-se mais de Draco. – Mas não foi por isso que vim
até aqui.
- Então para que foi? – Perguntou Draco
agora encostado à parede de pedra fria e olhando em frente, para um dos quadros
do outro lado do corredor.
Ron Weasley aproximou-se mais ainda de
Draco e encostou-se ao lado dele. Ficaram alguns segundos em silêncio, cada um
perdido nos seus pensamentos até que o ruivo decidiu falar.
- À alguns dias atrás foste pedir-me
ajuda. – Começou ele a falar olhando na mesma direcção que Draco olhava. –
Naquele momento eu ignorei-te mas não posso continuar a fazê-lo.
Draco olhou-o surpreso. Desde que
Weasley tinha saído daquela sala a rir-se dele alguns dias atrás, Draco tinha
perdido qualquer esperança em ter a sua ajuda. Claro que ele continuava com o
orgulho ferido mas por Hermione ele faria qualquer coisa, até pedir ajuda ao
“inimigo”.
- O que queres dizer com isso? –
Perguntou Draco ainda a olhar para ele.
- Não é óbvio? – Perguntou Weasley ainda
sem olhar para Draco. – Eu estive a pensar e eu quero ajudar a Hermione. Ela
foi minha amiga durante anos, eu amei-a, quer dizer, ainda amo mas se é a ti
que ela ama e se é contigo que ela está feliz, então eu quero ajuda-la. Só
tenho uma condição.
- Que condição? – Perguntou Draco com
uma sobrancelha erguida, ele estava desconfiado.
- Não podes dizer nada à Hermione. –
Disse o ruivo olhando directamente nos olhos cinzas de Draco e depois virou-lhe
costas sem esperar uma resposta.
Draco ficou ali, no escuro, sem saber o
que pensar. O Weasley iria ajudar? Mesmo depois de tudo o que aconteceu? Um
pequeno sorriso formou-se na sua face.
- Hermione, tu tens os melhores amigos
do mundo, sabias? – Falou ele para o corredor vazio.
Já no dormitório, Draco deitou-se na sua
cama ainda de uniforme. O dia seguinte seria bastante complicado, mas saber que
Weasley tinha mudado de ideias em relação a Hermione, deu-lhe esperanças.
Narcisa Malfoy também poderia mudar de ideias, certo? Foi com todos estes
pensamentos que Draco adormeceu naquela noite.
Na manhã seguinte Draco acordou antes
dos seus colegas de quarto, ele estava bastante ansioso por causa do seu
encontro com a mão naquele dia. Ele precisava de convencer Narcisa a ajudá-lo,
tentar com que ela convencesse o marido de que aquela criança não era nenhuma
ameaça à nobreza da família Malfoy. Mas Draco sabia que isso seria muito
complicado, ele sabia que seria preciso argumentar bastante para convencer a
mãe e mais ainda para convencer o pai, pois no que se referia à pureza do sangue,
Lucius Malfoy era extremamente meticuloso.
Draco levantou-se e foi tomar um banho
rápido antes que os seus colegas de quarto acordassem, ele precisava ver
Hermione, precisava de convence-la a ir com ele falar com a sua mãe. Depois de
vestir uma roupa simples mas ao mesmo tempo elegante, Draco pegou no seu velho
caderno, na pena e no tinteiro e com um simples feitiço diminui o tamanho dos
objectos colocando-os no bolso das calças escuras. Logo em seguida dirigiu-se
para o hall de entrada, sentando-se nas escadas e esperando Hermione chegar.
«»«»«»«»«»
Eu
tenho de admitir, estou nervoso, muito nervoso. Acho que nunca me senti assim
antes… Não, mentira… No sexto ano estava muito mais nervoso, mas não quero
falar (ou escrever) sobre isso agora.
Esta
conversa com a minha mãe é muito importante e apesar de ontem ter ficado com um
pouco mais de esperança, já que o Weasley aceitou ajudar na protecção da
Hermione (eu continuo mesmo muito surpreendido com a mudança de opinião daquele
probretanas, mas não posso deixar de admitir que no fundo, bem lá no fundo,
fiquei feliz por ele o ter feito). Eu preciso convencer a minha mãe a
ajudar-nos, ela precisa entender que eu realmente amo a Hermione e que estou
muito feliz por ter um filho com ela.
Tenho
de pensar muito bem no que irei dizer-lhe.
«»«»«»«»«»
Quando o barulho de passos começaram a
ecoar no castelo, Draco fechou o caderno e voltou a arrumar tudo como antes.
Levantou-se e encostou-se a uma das paredes perto da porta do Salão Principal
esperando por Hermione. Não demorou mais de dez minutos até a namorada aparecer
no hall de entrada junto com os dois amigos, Harry e Ginny. Não muito atrás
deles, Draco pôde ver o irmão de Ginny, tentando que os outros três não dessem
pela sua presença.
Hermione aproximou-se de Draco sorrindo
e assim que ficaram de frente um para o outro beijaram-se com ternura.
- Bom dia Draco. – Disse a morena após o
beijo.
- Bom dia. – Respondeu Draco, sorrindo,
mas logo depois ficou sério. – Preciso falar contigo.
- O que se passa? – Perguntou Hermione
preocupada.
- Eu combinei encontrar-me com a minha
mãe esta manhã em Hogsmeade e eu queria que fosses comigo.
Hermione, Harry e Ginny, que ainda se
encontravam ali, olharam para Draco surpresos.
- Porque é que não nos falaste disso
antes? – Perguntou Harry com uma sobrancelha erguida.
- Se eu o tivesse feito vocês iriam
tentar impedir-me, não era? – Perguntou Draco olhando nos olhos dos outros
três.
- É claro que sim! Isso é de loucos! –
Disse Ginny, olhando para Harry em busca de apoio.
- Não, não é de loucos. – Disse uma voz
ao lado deles. Todos olharam para Zabini que não tinha sido notado até àquele
momento. – É até uma jogada inteligente. Se souberem como convencer Narcisa
Malfoy então talvez ela vos ajude convencendo o marido. Estou certo Draco?
O loiro deu um pequeno sorriso ao amigo
e simplesmente afirmou com a cabeça. Essa era a sua ideia desde o início, usar
Narcisa como intermediária entre ele e Lucius. Era a sua única hipótese.
- Está bem! Eu vou contigo. – Disse
Hermione olhando directamente para Draco. – Vamos falar com a tua mãe e fazê-la
ver que ter um neto mestiço não é o fim do mundo.
Ginny e Harry continuavam um pouco
apreensivos quanto à ideia de Hermione ficar demasiado perto de Narcisa Malfoy,
mas depois pensando melhor, talvez aquilo desse certo. O que é que a matriarca
da família Malfoy poderia fazer de mal no meio de tanta gente?! Ela com certeza
não se iria expor daquela forma, não iria fazer mal a uma mulher que esperava
um filho do seu único herdeiro.
Já Hermione e Draco tinham a esperança
de que aquilo poderia realmente dar certo. Especialmente Draco, ele conhecia a
sua mãe e sabia que ela faria de tudo para ver o filho bem e feliz. E o que
faria Draco mais feliz do que ter a mulher que ama e o seu filho a salvo?! Era
somente isso que ele tinha de fazer a mãe entender.
(Continua)
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