Diários do Nosso Amor - 22. Diário de Draco


Draco caminhava calmamente pelos corredores escuros e frios de Hogwarts. Já se tinham passado três dias desde que ameaçara Pansy e parecia ter surtido o efeito esperado, apesar de ele ainda se sentir extremamente culpado por ter feito Hermione chorar mais uma vez. Ele tinha ficado destroçado quando a encontrou na biblioteca e viu no seu diário que ela tinha medo dele. Naquele momento ele odiou-se!
Perdido nos seus pensamentos não viu que estava a ser observado à algum tempo, soube apenas que não estava sozinho naquele corredor quando uma voz conhecida o chamou. Draco olhou para trás e não conseguiu esconder a surpresa por vê-lo ali.
- O que é que tu queres Weasley? – Disse Draco virando-se novamente de costas para ele. – Vieste rir-te de novo na minha cara?
- Isso seria uma excelente ideia Malfoy. – Disse o ruivo aproximando-se mais de Draco. – Mas não foi por isso que vim até aqui.
- Então para que foi? – Perguntou Draco agora encostado à parede de pedra fria e olhando em frente, para um dos quadros do outro lado do corredor.
Ron Weasley aproximou-se mais ainda de Draco e encostou-se ao lado dele. Ficaram alguns segundos em silêncio, cada um perdido nos seus pensamentos até que o ruivo decidiu falar.
- À alguns dias atrás foste pedir-me ajuda. – Começou ele a falar olhando na mesma direcção que Draco olhava. – Naquele momento eu ignorei-te mas não posso continuar a fazê-lo.
Draco olhou-o surpreso. Desde que Weasley tinha saído daquela sala a rir-se dele alguns dias atrás, Draco tinha perdido qualquer esperança em ter a sua ajuda. Claro que ele continuava com o orgulho ferido mas por Hermione ele faria qualquer coisa, até pedir ajuda ao “inimigo”.
- O que queres dizer com isso? – Perguntou Draco ainda a olhar para ele.
- Não é óbvio? – Perguntou Weasley ainda sem olhar para Draco. – Eu estive a pensar e eu quero ajudar a Hermione. Ela foi minha amiga durante anos, eu amei-a, quer dizer, ainda amo mas se é a ti que ela ama e se é contigo que ela está feliz, então eu quero ajuda-la. Só tenho uma condição.
- Que condição? – Perguntou Draco com uma sobrancelha erguida, ele estava desconfiado.
- Não podes dizer nada à Hermione. – Disse o ruivo olhando directamente nos olhos cinzas de Draco e depois virou-lhe costas sem esperar uma resposta.
Draco ficou ali, no escuro, sem saber o que pensar. O Weasley iria ajudar? Mesmo depois de tudo o que aconteceu? Um pequeno sorriso formou-se na sua face.
- Hermione, tu tens os melhores amigos do mundo, sabias? – Falou ele para o corredor vazio.
Já no dormitório, Draco deitou-se na sua cama ainda de uniforme. O dia seguinte seria bastante complicado, mas saber que Weasley tinha mudado de ideias em relação a Hermione, deu-lhe esperanças. Narcisa Malfoy também poderia mudar de ideias, certo? Foi com todos estes pensamentos que Draco adormeceu naquela noite.
Na manhã seguinte Draco acordou antes dos seus colegas de quarto, ele estava bastante ansioso por causa do seu encontro com a mão naquele dia. Ele precisava de convencer Narcisa a ajudá-lo, tentar com que ela convencesse o marido de que aquela criança não era nenhuma ameaça à nobreza da família Malfoy. Mas Draco sabia que isso seria muito complicado, ele sabia que seria preciso argumentar bastante para convencer a mãe e mais ainda para convencer o pai, pois no que se referia à pureza do sangue, Lucius Malfoy era extremamente meticuloso.
Draco levantou-se e foi tomar um banho rápido antes que os seus colegas de quarto acordassem, ele precisava ver Hermione, precisava de convence-la a ir com ele falar com a sua mãe. Depois de vestir uma roupa simples mas ao mesmo tempo elegante, Draco pegou no seu velho caderno, na pena e no tinteiro e com um simples feitiço diminui o tamanho dos objectos colocando-os no bolso das calças escuras. Logo em seguida dirigiu-se para o hall de entrada, sentando-se nas escadas e esperando Hermione chegar.

«»«»«»«»«»

Eu tenho de admitir, estou nervoso, muito nervoso. Acho que nunca me senti assim antes… Não, mentira… No sexto ano estava muito mais nervoso, mas não quero falar (ou escrever) sobre isso agora.
Esta conversa com a minha mãe é muito importante e apesar de ontem ter ficado com um pouco mais de esperança, já que o Weasley aceitou ajudar na protecção da Hermione (eu continuo mesmo muito surpreendido com a mudança de opinião daquele probretanas, mas não posso deixar de admitir que no fundo, bem lá no fundo, fiquei feliz por ele o ter feito). Eu preciso convencer a minha mãe a ajudar-nos, ela precisa entender que eu realmente amo a Hermione e que estou muito feliz por ter um filho com ela.
Tenho de pensar muito bem no que irei dizer-lhe.

«»«»«»«»«»

Quando o barulho de passos começaram a ecoar no castelo, Draco fechou o caderno e voltou a arrumar tudo como antes. Levantou-se e encostou-se a uma das paredes perto da porta do Salão Principal esperando por Hermione. Não demorou mais de dez minutos até a namorada aparecer no hall de entrada junto com os dois amigos, Harry e Ginny. Não muito atrás deles, Draco pôde ver o irmão de Ginny, tentando que os outros três não dessem pela sua presença.
Hermione aproximou-se de Draco sorrindo e assim que ficaram de frente um para o outro beijaram-se com ternura.
- Bom dia Draco. – Disse a morena após o beijo.
- Bom dia. – Respondeu Draco, sorrindo, mas logo depois ficou sério. – Preciso falar contigo.
- O que se passa? – Perguntou Hermione preocupada.
- Eu combinei encontrar-me com a minha mãe esta manhã em Hogsmeade e eu queria que fosses comigo.
Hermione, Harry e Ginny, que ainda se encontravam ali, olharam para Draco surpresos.
- Porque é que não nos falaste disso antes? – Perguntou Harry com uma sobrancelha erguida.
- Se eu o tivesse feito vocês iriam tentar impedir-me, não era? – Perguntou Draco olhando nos olhos dos outros três.
- É claro que sim! Isso é de loucos! – Disse Ginny, olhando para Harry em busca de apoio.
- Não, não é de loucos. – Disse uma voz ao lado deles. Todos olharam para Zabini que não tinha sido notado até àquele momento. – É até uma jogada inteligente. Se souberem como convencer Narcisa Malfoy então talvez ela vos ajude convencendo o marido. Estou certo Draco?
O loiro deu um pequeno sorriso ao amigo e simplesmente afirmou com a cabeça. Essa era a sua ideia desde o início, usar Narcisa como intermediária entre ele e Lucius. Era a sua única hipótese.
- Está bem! Eu vou contigo. – Disse Hermione olhando directamente para Draco. – Vamos falar com a tua mãe e fazê-la ver que ter um neto mestiço não é o fim do mundo.
Ginny e Harry continuavam um pouco apreensivos quanto à ideia de Hermione ficar demasiado perto de Narcisa Malfoy, mas depois pensando melhor, talvez aquilo desse certo. O que é que a matriarca da família Malfoy poderia fazer de mal no meio de tanta gente?! Ela com certeza não se iria expor daquela forma, não iria fazer mal a uma mulher que esperava um filho do seu único herdeiro.
Já Hermione e Draco tinham a esperança de que aquilo poderia realmente dar certo. Especialmente Draco, ele conhecia a sua mãe e sabia que ela faria de tudo para ver o filho bem e feliz. E o que faria Draco mais feliz do que ter a mulher que ama e o seu filho a salvo?! Era somente isso que ele tinha de fazer a mãe entender.

(Continua)

Nenhum comentário: