De manhã levantei-me e fui tomar um banho para tentar despertar o cansaço. Tinha passado toda a noite sem dormir, estava completamente de rastos. Vesti o uniforme, agarrei no saco e segui até à sala comum como em todas as manhãs. Quando lá cheguei estavam apenas alguns alunos então segui directamente para o Salão Principal porque tinha demorado um pouco mais no banho e o Daniel já deveria lá estar. E realmente estava. Segui em direcção ao Daniel e sentei-me ao seu lado.
- Bom dia Dan. – Disse olhando para ele sorrindo mas ele não se virou para mim, estava com o olhar fixo no Profeta Diário e eu fiquei curiosa. – O que tem aí de tão interessante?
Ele não respondeu e nem sequer olhou para mim. O que se estaria a passar? Será que tinha ocorrido algum ataque? Mas depois vi que quase todos os que se encontravam no Salão olhavam para mim.
- O que é que se passa? – Perguntei novamente a Daniel.
- É isto que se passa. – Disse uma voz atrás de mim e eu virei-me dando de caras com um jornal mesmo à minha frente.
Eu peguei no jornal e olhei para o Malfoy que permanecia à minha frente com um olhar que eu nunca tinha visto antes nele, um olhar que me assustou de tão furioso que ele estava. Então eu decidi ler a notícia a que ele se referia e se eu estivesse de pé tinha caído ao chão em estado de choque. Isto não me podia estar a acontecer.
Diário Muito Revelador
By Rita Skeeter
Chegou às minhas mãos um pequeno caderno contendo os desabafos e os objectivos de vida de uma jovem de 17 anos que este ano veio transferida da escola de Durmstrang para Hogwarts. Isto até poderia ser uma história bastante normal, uma adolescente que escreve num diário, mas a verdade é que Suzane Manson não é uma adolescente normal. Miss Manson tem objectivos de vida dignos de ser comparada com Aquele Cujo Nome Não Deve Ser Pronunciado.
Como já referi, Miss Manson estudava em Durmstrang onde como a própria refere estudou Magia Negra. Eis um excerto do seu diário que prova isso mesmo: “Esta foi uma aula bastante produtiva, estive a treinar as Maldições Imperdoáveis (em aranhas é claro). Devo dizer que estou realmente boa nelas, estou bastante satisfeita comigo mesma.” (Esta frase foi escrita quando ela tinha apenas 14 anos, pois ela tem o diário organizado por anos)
Mas se acham isto bastante perturbador esperem até lerem mais este pequeno excerto: “Animagoligia é algo bastante difícil mas eu não vou desistir, se comecei vou acabar.” (Frase escrita aos 15 anos). Agora fica no ar a questão (já que não é dito mais nada em relação a este assunto no diário): Será que ela realmente conseguiu dominar essa arte e é neste momento uma Animagus clandestina?
É claro que as revelações não ficam por aqui, esta jovem ainda vos vai surpreender mais. Em todas as páginas do diário é mencionado todas as novas coisas que ela consegue fazer, a maioria delas sobre Magia Negra. Mas algo que vos pode chocar é a seguinte frase retirada do seu diário: “Finalmente consegui criar uma Marca Negra falsa na pele. Devo dizer que é bastante parecida com a original mas tem o conveniente de poder ser retirada sempre que eu quiser. Sinceramente não sei como os Devoradores da Morte aguentam aquela dor horrível sempre que o Voldemort os convoca. Eu tive de me desfazer da Marca antes que começasse a gritar.” (frase escrita aos 16 anos)
Mas as revelações não ficam por aqui, senão vejamos uma das últimas coisas escritas no seu diário (que por acaso foi ontem): “Agora vou dizer-te quais são os meus objectivos: 1. Conquistar Draco Malfoy (quase concluído); 2. Obter informações sobre os Malfoy e a Lestrange (só pode ser feito depois do primeiro objectivo estar concluído); 3. Encontrar esses dois e mata-los; 4. Proteger o Harry (prometi a mim mesma que ninguém mais faria mal ao meu primo); 5. Ir atrás do Voldemort e mata-lo também; 6. Vingança cumprida, posso ficar em paz.”
É verdade caros leitores parece que Suzane Manson é prima do famoso Harry Potter e para confirmar isso temos a última citação do diário (que é também a última coisa lá escrita): “Mais uma vez escrevo nestas páginas a promessa que fiz quando descobri a verdade sobre a morte da minha mãe e dos meus tios: “Vou vingar a morte de Catherine Potter, James Potter e Lily Potter custe o que custar e vou descobrir quem foi o ser desprezível que abandonou a minha mãe depois de a engravidar de mim.””.
Pois é, caros leitores, temos mais uma jovem problemática na nossa sociedade. Será que esta jovem será a próxima a seguir as pisadas do Quem Nós Sabemos? Será que ela vai conseguir cumprir a sua vingança? Ficam estas e muitas outras questões no ar.
Eu permaneci ali sentada a olhar para aquela página de jornal sem conseguir acreditar no que lia. Sentia todos os olhos pousados em mim. Aquilo não podia estar a acontecer-me. Olhei para o lado e vi Daniel olhar para mim confuso, não mostrava raiva mas eu sabia que ele jamais me perdoaria também. Depois levantei o olhar para um loiro completamente furioso à minha frente. Eu queria falar, dizer qualquer coisa mas o que poderia dizer quando a verdade estava ali, à frente dele?
- Tu enganaste-me. – Disse Malfoy furioso. – Fingiste que me amavas. Agora percebo o que quiseste dizer com aquilo no Expresso.
- Eu posso explicar… - Disse quase sem voz.
- Não quero ouvir mais mentiras. Isso explica tudo. – Gritou apontando para o jornal que continuava na minha mão.
Ele virou costas e saiu do Salão furioso e eu fiquei ali a vê-lo ir embora com todos os olhares fixos em mim. Sentia um aperto no coração que não tinha nada a ver com a notícia do jornal. Vê-lo sair assim, furioso comigo e saber que ele nunca mais me iria perdoar destrui-me por dentro. Agora eu percebia que me tinha apaixonado por ele mas como estava tão concentrada no estúpido plano não tinha notado os meus sentimentos.
- Virão a cara dela? Eu sabia que aquele diário ia dar jeito. Agora todo o mundo bruxo sabe quem é a verdadeira Suzane Manson. – Ouvi uma voz feminina dizer enquanto saía do Salão principal com mais duas raparigas. – E agora o Draco é só meu.
Eu olhei para a Parkinson com ódio. Então tinha sido ela que tinha entrado no meu quarto, roubado o meu diário e o enviado para o jornal. Eu levantei-me e deixei o jornal cair ao chão. Depois senti uma mão agarrar-me.
- Não faças nada Suzane. – Disse Daniel já de pé ao meu lado.
- Ela roubou o meu diário. – Disse furiosa olhando para ele. – E pior de tudo, enviou-o para o jornal.
- Não vai adiantar nada ataca-la Suzane. Não faças isso. – Daniel olhava-me nos olhos tentado persuadir-me mas eu não conseguia ficar parada, aquela rapariga irritante ia pagar pelo que tinha feito.
- Eu vou dar cabo dela. – Disse lentamente e tirando o meu braço da mão forte de Daniel.
Corri atrás da Parkinson até ao jardim onde ela estava agora com o Malfoy. Aquela cena deixou-me ainda mais furiosa. Senti-a um calor percorrer todo o corpo, o vento começou a soprar à minha volta e no céu começaram a aparecer várias nuvens negras tapando o sol. Eu agora andava lentamente até aos dois Slytherins e à medida que me ia aproximando, mais o céu ficava escuro.
- Eu vou dar cabo de ti Parkinson. – Gritei quando já estava a cerca de um metro dela.
Agarrei na minha varinha e fiz a Parkinson voar até bater na árvore que estava atrás dela. Continuei a andar até estar bem próxima dela, fazendo com que ela gemesse de dor ao ser prensada com mais força contra a árvore.
- Eu vou fazer-te sofrer tanto por teres roubado o meu diário e o teres enviado para aquela jornalista de meia tigela que tu vais implorar para que te mate. – Falava ameaçadoramente e ela olhava-me com o medo e a dor estampados no rosto. – Depois de leres o meu diário devias saber que não irias viver durante muito tempo.
Acenei a varinha fazendo a Parkinson voar até outra árvore onde embateu com mais força.
- Suzane pára com isso. – Ouvia Daniel gritar atrás de mim.
- Não te metas. – Disse olhando para ele e um raio acertou no chão à sua frente.
- Hey isso é perigoso, podias ter-me fritado. – Disse um Daniel completamente revoltado.
- Suzane Manson pare com isso imediatamente. – Desta vez era a voz de Snape que eu ouvia.
Eu não liguei a mais nada do que me diziam, aliás deixei de ser capaz de ouvir o que me diziam. Um remoinho tinha-se formado à minha volta. Já me tinha acontecido formar uma tempestade quando estava furiosa mas aquele remoinho era uma novidade. Olhei à minha volta começando a ficar assustada, não estava a conseguir controlar aquilo, por mais que tentasse não conseguia parar. Vários alunos já se encontravam no jardim a observar a cena, a Parkinson já tinha fugido e via Daniel e Harry a olhar para mim com preocupação. Snape parecia irritado, devia com certeza pensar que eu estava a fazer aquilo de propósito. E Malfoy estava paralisado a olhar para mim e eu não conseguia identificar o seu olhar.
Depois vi Dumbledore aproximar-se e olhei para ele com um olhar suplicante, pedindo ajuda. Eu estava descontrolada, todo aquele ódio deixara-me sem controlo sobre o poder que eu tentava conter a todo o custo dentro de mim. Vi Dumbledore mover os lábios, provavelmente dizendo alguma coisa, virado para Malfoy que olhava pasmado para o Director abanando a cabeça negativamente. Depois vi Daniel agarrar o Malfoy abanando-o furiosamente.
De repente o Malfoy olhou para mim e começou a aproximar-se lentamente. Fazia força com as pernas no chão para não ser arrastado por todo aquele vento que me circundava e protegia a cara com os braços. Quando conseguiu chegar a mim olhou-me nos olhos, agarrou-me a cara com as duas mãos e aproximou a sua cara da minha. Ficou assim durante algum tempo até que por fim falou.
- Eu perdoo-te. – E depois beijou-me.
Eu fechei os olhos sentindo os lábios dele nos meus e uma lágrima escorreu-me pela face indo de encontro às nossas bocas. Notei que o vento começava a parar, via a luz do sol através das pálpebras fechadas e depois deixei de sentir o corpo. Desmaiei mais uma vez nos braços de Draco Malfoy.
(Continua)
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