Um Plano de Vingança - 16. De Volta ao Passado


DRACO

Cheguei a casa já era quase hora do jantar e a casa parecia-me mais silenciosa que o normal, o que era muito estranho. Fui até à cozinha e vi em cima da mesa dois pedaços de pergaminho, um amaçado e outro ainda intacto. Agarrei no que estava amaçado e reconheci logo a letra de Daniel, ele e a Suzane tinham saído, o outra era do Potter a dizer que iria jantar a casa dos Weasley. Deixei de novo aquilo lá e subi para tomar um banho, foi quando saí da cozinha que vi o Daniel entrar. Sozinho?
- Onde está a Suzane? – Perguntei olhando sério para ele.
No início ele apenas ficou lá parado a olhar para mim, aquilo não me estava a agradar em nada, mas depois ele falou.
- É melhor irmos para a sala conversar. – Enquanto ele falava começou a andar em direcção à sala e eu ainda sem entender nada segui-o.
Chegando lá ele sentou-se numa das poltronas e eu sentei-me no sofá em frente. Permanecemos num silêncio torturante durante o que me pareceu uma eternidade até que ele finalmente falou.
- No dia do desaparecimento da Suzane foi parar a Hogwarts uma carta do Ministério Búlgaro para ela e como tu estavas demasiado transtornado com tudo aquilo, eu decidi não te contar nada. Mas eu abri a carta e lá pedia para que ela comparecesse na Bulgária porque a mãe adoptiva dela tinha falecido e deixado tudo para a Suzane, e este “tudo” quer dizer imensas propriedades e a directoria de Durmstrang. – Ele fez uma pausa e ficou a olhar para mim.
- E ela foi assim? Sem me dizer nada? – Era a única pergunta que me acorria naquele momento.
- Ela pediu-me para te entregar isto. – Disse ele entregando um pedaço de pergaminho dobrado. Não hesitei em o abrir.

Querido Draco,
Antes de mais peço-te perdão por ter partido sem dizer nada, eu sei que para ti deve ser difícil afinal ficaste cinco longos anos sem mim, mas tens de tentar compreender-me. Acredita que é difícil ter de ir embora sem dizer adeus, sem me despedir, por isso achei melhor não voltar a casa com medo de te encontrar e perder toda a coragem para ir. Mesmo assim, é impossível deixar-te para trás e não sofrer, sorriu para não chorar.
Para ti deve ser muito mais difícil ficar sem mim de novo, por tempo indeterminado, afinal todos estes anos eu não me lembrava de ti, mas tu nunca me conseguiste esquecer.
Eu espero sinceramente não demorar muito, tenho apenas de resolver alguns assuntos (é provável que o Daniel te conte). Vai ser muito difícil voltar aquele país, àquela casa, àquela escola, porque foi lá que eu vivi o meu pior pesadelo, foi lá que eu me tornei a pessoa fria que conheceste no início. Só espero que voltar àqueles lugares não me faça recordar o passado sombrio porque eu não sei se depois poderei mudar de novo.
Mais uma vez peço que me perdoes.

Com amor,
Suzane

- Eu vou atrás dela. – Disse sem desviar os olhos da letra dela.
- Nem penses nisso.
Eu olhei para Daniel surpreso. Como assim “nem penses nisso”? Eu não podia simplesmente ficar sem ela de novo, ainda para mais por “tempo indeterminado”, era impossível.
- Eu vou e nem me tentes impedir. – Disse já me levantando e o Daniel fez o mesmo.
- Ouve Draco, eu sei que é difícil ficar outra vez longe dela mas tenta compreende-la. Ela também precisa de colocar as ideias em ordem. – Ele falava enquanto olhava bem fundo nos meus olhos.
Voltei a sentar-me, ele até tinha a sua razão, mas ia ser tão difícil para mim. Eu só esperava que ela voltasse bem e voltasse a mesma Suzane que era nos últimos meses em Hogwarts.



SUZANE

Esta escola traz-me tantas recordações más, tantas coisas que eu preferia continuar a não me lembrar. Percorria aqueles corredores sombrios até ao escritório do actuar director, era como se os meus pés ainda se lembrassem do caminho porque nem precisava pensar nele. Parei em frente à porta de madeira negra e bati uma vez, após ouvir uma voz vinda de dentro autorizando-me a entrar abri a porta e entrei no escritório escuro.
- Boa noite professor Boris. – Disse mal entrei.
- Boa noite Miss Manson. - Disse o homem sentado atrás da mesa. – Sente-se.
Eu caminhei até à cadeira que me foi indicada e sentei-me esperando que ele começasse a falar.
- Soube do que aconteceu com a menina e fico feliz por saber que se encontra bem. – Ele sorria, mas eu sabia que era apenas uma encenação, ele nunca tinha gostado de mim. Mantive-me calada e ele prosseguiu. – Como agora a menina faz parte da direcção da escola…
- Eu não quero fazer parte da direcção. – Disse cortando-lhe a palavra. – Vim aqui mesmo para isso, para perguntar como é que faço para passar a minha parte da direcção para outra pessoa.
Ele olhou-me surpreso, não devia mesmo esperar algo assim de mim, já que eu costumava atirar-lhe à cara que um dia a direcção seria minha.
- O que a fez mudar de ideias?
- Isso não é da sua conta professor. – Disse firmemente e ele compreendeu que não iria saber mais nada.
- Então, se é assim que quer, tem apenas que passar uma procuração para a pessoa que quer que fique com a sua parte da direcção.
- Óptimo, ainda bem que sou uma pessoa precavida e já tinha pensado nisso. – Disse tirando um pergaminho do meu saco e entregando-o a ele. – Esta é a procuração. Eu não quero saber desta escola, pode fazer o que quiser com essa procuração. É sua.
Levantei-me sem dar tempo a mais conversas e saí da sala. Fiquei aliviada com aquilo, menos um problema. Caminhei pelos corredores escuros e várias lembranças me passavam pela mente. Era irónico como agora aquele lugar me dava arrepios quando há anos atrás me atraída. Apressei o passo, quanto mais depressa saísse dali melhor mas ao virar uma esquina esbarrei com alguém e com o impacto caí no chão.
- Ora, ora. Se não é a Suzane.

(Continua)

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