Um Plano de Vingança - 15. Um Novo Adeus

No dia seguinte quando acordei deixei-me ficar de olhos fechados a lembrar-me de tudo o que tinha acontecido mas passado um bocado senti como se tivesse a ser observada. Abri os olhos e deparei-me com um loiro sorridente sentado no chão ao lado da cama a olhar para mim.
- Bom dia bela adormecida. – Disse Draco a sorrir.
- Bela adormecida? Até parece que dormi muito.
- Não, são apenas quatro da tarde. Só perdeste o pequeno-almoço e o almoço.
- Estás a brincar. – Disse levantando-me e pegando no relógio que estava pousado na mesa-de-cabeceira. Depois de conferir a hora disse sorrindo. – Afinal não estás.
Ele levantou-se dando-me um beijo e saiu do quarto dizendo para eu me arranjar e ir comer alguma coisa. Depois de ele sair eu levantei-me peguei numa toalha e numas roupas que estavam ao fundo da cama, que supus terem sido ali colocadas por ele, e fui ao wc tomar um banho rápido. Quando terminei de me vestir penteei o cabelo e saí para o andar de baixo em direcção à cozinha.
- Boa tarde. – Disse-me Daniel assim que entrei na cozinha indo até mim e beijando-me a face. – O Draco teve de sair, um assunto para resolver no Ministério por isso que tal irmos dar um passeio e me contares o que tens feito?
- Claro, porque não. – Disse enquanto me dirigia ao balcão e preparando algo para comer. – E onde pensas ir?
- Não sei, logo se vê.
Eu peguei em algumas torradas e num sumo e sentei-me à mesa a comer enquanto Daniel escrevia um pequeno bilhete para que se alguém chegasse soubesse que tínhamos saído.
- Daniel. – Ele olhou para mim e eu continuei. – Porque é que tu e o Draco moram aqui com o Harry?
- É que depois daquele dia nós não pudemos voltar para nossas casas, éramos considerados traidores, mais o Draco que eu. Então o Potter disse-nos para virmos para aqui. Durante a guerra moravam aqui muitas mais pessoas mas depois ficamos só eu, o Draco e o Potter. Às vezes o Weasley, a Weasley e a Granger vêm para aqui uns dias mas pouco tempo.
- Bem parece que se conseguiram dar bem com o Harry e os outros. – Falei enquanto me levantava e arrumava a louça na banca.
- Tudo por tua causa Suzy. – Disse ele sorrindo e eu não pude deixar de sorrir.
Ele levantou-se, deixou o bilhete em cima da mesa e depois saímos de casa. Andamos pelas redondezas em silêncio até que me lembrei de um lugar onde poderíamos ir.
- Preciso de passar em minha casa para ir buscar as minhas coisas.
- Oh claro, vamos lá.
Voltamos a caminhar mas desta vez já não íamos em silêncio, ele tinha inúmeras questões a fazer e eu também.
- Então ainda não me disseste o que te aconteceu depois que desapareceste naquele dia horrível. – Disse ele olhando em frente. Eu olhei para ele mas depois voltei a olhar em frente.
- Quando caí bati com a cabeça em alguma coisa e por isso desmaiei e perdi a memória. Não sei exactamente quanto tempo fiquei naquela margem do rio mas depois umas pessoas encontraram-me e levaram-me para um hospital onde estive quase um ano em coma. – Parei de falar e olhei-o mas ele continuava a olhar em frente, então voltei o meu olhar para a frente também e continuei. – Depois que acordei não me lembrava de nada, apenas soube o meu nome por causa da medalha que o Harry me deu porque tem o meu nome gravado atrás. Arranjei um emprego naquele bar como empregada de mesa e há pouco tempo o gerente ouviu-me cantar na arrecadação e pediu-me para que eu à sexta cantasse.
Parei de falar e ficamos em silêncio, algo me dizia que havia alguma coisa estranha nele. Continuamos em silêncio até que chegamos ao meu apartamento e subimos. Ele ficou na sala e eu dirigi-me ao quarto para arrumar as minhas roupas e outros pertences. Passado um bocado ele foi ter comigo e sentou-se na cama e seguia todos os meus movimentos, aquilo era muito estranho, ele não costumava ser tão calado, pelo menos o Daniel que eu me lembrava não era calado.
- Daniel o que se passa? – Já não aguentava mais aquela atitude dele.
Ele permaneceu a olhar para mim e depois levantou-se tirando um envelope do bolso de trás das calças, voltou a sentar-se e fez sinal para que eu me sentasse também. Era estranho mas a expressão dele parecia-se imenso com a expressão que ele e o Draco tinham quando eu recebi a carta de Voldemort o que me começava a assustar. Ele respirou fundo e depois falou.
- O Draco não sabe da existência desta carta. – Ele olhava para o chão o que me assustava mais ainda. – A carta chegou logo depois que desapareceste e eu guardei-a antes que o Draco visse, achei melhor assim porque ele estava muito abalado com tudo aquilo. – Depois olhou para mim e continuou. – Desculpa mas eu abri-a e se queres que seja sincero acho que o melhor é fazeres o que pedem.
- Mas do que estás a falar? – Perguntou confusa.
Ele apenas me entregou o envelope, eu peguei nele e olhei-o. Tinha o selo do Ministério da Magia Búlgaro o que eu achei muito estranho. Abri o envelope e tirei o pergaminho que lá estava, comecei a lê-lo.

Cara Miss Manson,
É com pesar que lhe escrevo a dizer que a sua mãe adoptiva faleceu. Mrs Ivanov sofreu um pequeno acidente enquanto preparava uma poção em casa e mesmo sendo levada para o hospital não a conseguiram salvar.
Ela deixou em testamento que todos os seus bens deveriam ser entregues a si e por isso lhe escrevo a comunicar que deverá vir o mais rápido que puder até ao Ministério da Magia Búlgaro a fim de resolver alguns assuntos burocráticos. Pois como deve saber Mrs Ivanov era detentora de inúmeras propriedades e também era da direcção da Escola de Durmstrang.
Com os melhores cumprimentos,
Boris Ganchev
Ministro da Magia

- Tu achas que eu devo ir? – Perguntei sem desviar o olhar do pergaminho e com os olhos húmidos devido à notícia.
- Acho que sim. – Ele permanecia a olhar para o chão.
- E o Draco?
- Ele vai tentar ir contigo mas eu acho melhor ele ficar. – Agora ele olhou para mim e eu desviei o meu olhar do pergaminho e fixei os olhos verdes dele. – Acho que tu também precisas de um tempo sozinha para pensar em tudo que aconteceu. Arrumar as ideias por causa do teu pai, da morte da tua mãe adoptiva, de certeza que ela era importante para ti.
- Sim, ela era importante para mim.
Eu levantei-me e voltei a arrumar as coisas. Quanto já tudo estava na mala fui até à escrivaninha e escrevi um pequeno bilhete para o Draco, era mais fácil se eu fosse sem me despedir, depois dobrei-o, guardei-o no bolso das calças e virei-me para Daniel que permanecia sentado na cama.
- Podes levar-me até ao Ministério? Preciso dum botão de transporte para a Bulgária.
- Claro.
Ele ajudou-me a levar a mala e fomos calmamente até ao Ministério, eu rezava para não encontrar Draco lá. Quando chegamos lá fomos até à recepcionista que revistou a varinha de Daniel, já que a minha tinha desaparecido, e nos indicou o lugar para onde devíamos ir. Daniel acompanhou-me até à secção dos transportes mágicos onde eu depois de entregar a carta que tinha recebido tive autorização para usar um botão de transporte e partir rumo à Bulgária.
- Entrega isto ao Draco. – Pedi ao Daniel enquanto lhe entregava o pedaço de papel dobrado. – E toma conta dele.
- Está descansada, eu faço isso. Fi-lo durante cinco anos. – Disse sorrindo e dando-me um beijo carinhoso no rosto. – Volta rápido.
- Vou tentar.
Assim que terminei de falar fui sugada pelo botão de transporte. Estava de volta à Bulgária. Primeiro trataria dos assuntos no Ministério, já que ali estava, depois iria a Durmstrang por causa da directoria. E eu tinha a sensação que dentro daquela escola o passado me iria atormentar novamente.

(Continua)

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