No dia seguinte
quando acordei deixei-me ficar de olhos fechados a lembrar-me de tudo o que
tinha acontecido mas passado um bocado senti como se tivesse a ser observada.
Abri os olhos e deparei-me com um loiro sorridente sentado no chão ao lado da
cama a olhar para mim.
- Bom dia bela
adormecida. – Disse Draco a sorrir.
- Bela
adormecida? Até parece que dormi muito.
- Não, são
apenas quatro da tarde. Só perdeste o pequeno-almoço e o almoço.
- Estás a
brincar. – Disse levantando-me e pegando no relógio que estava pousado na
mesa-de-cabeceira. Depois de conferir a hora disse sorrindo. – Afinal não
estás.
Ele levantou-se
dando-me um beijo e saiu do quarto dizendo para eu me arranjar e ir comer
alguma coisa. Depois de ele sair eu levantei-me peguei numa toalha e numas
roupas que estavam ao fundo da cama, que supus terem sido ali colocadas por
ele, e fui ao wc tomar um banho rápido. Quando terminei de me vestir penteei o
cabelo e saí para o andar de baixo em direcção à cozinha.
- Boa tarde. –
Disse-me Daniel assim que entrei na cozinha indo até mim e beijando-me a face.
– O Draco teve de sair, um assunto para resolver no Ministério por isso que tal
irmos dar um passeio e me contares o que tens feito?
- Claro, porque
não. – Disse enquanto me dirigia ao balcão e preparando algo para comer. – E
onde pensas ir?
- Não sei, logo
se vê.
Eu peguei em
algumas torradas e num sumo e sentei-me à mesa a comer enquanto Daniel escrevia
um pequeno bilhete para que se alguém chegasse soubesse que tínhamos saído.
- Daniel. – Ele
olhou para mim e eu continuei. – Porque é que tu e o Draco moram aqui com o
Harry?
- É que depois
daquele dia nós não pudemos voltar para nossas casas, éramos considerados
traidores, mais o Draco que eu. Então o Potter disse-nos para virmos para aqui.
Durante a guerra moravam aqui muitas mais pessoas mas depois ficamos só eu, o
Draco e o Potter. Às vezes o Weasley, a Weasley e a Granger vêm para aqui uns
dias mas pouco tempo.
- Bem parece
que se conseguiram dar bem com o Harry e os outros. – Falei enquanto me
levantava e arrumava a louça na banca.
- Tudo por tua
causa Suzy. – Disse ele sorrindo e eu não pude deixar de sorrir.
Ele
levantou-se, deixou o bilhete em cima da mesa e depois saímos de casa. Andamos
pelas redondezas em silêncio até que me lembrei de um lugar onde poderíamos ir.
- Preciso de
passar em minha casa para ir buscar as minhas coisas.
- Oh claro,
vamos lá.
Voltamos a
caminhar mas desta vez já não íamos em silêncio, ele tinha inúmeras questões a
fazer e eu também.
- Então ainda
não me disseste o que te aconteceu depois que desapareceste naquele dia
horrível. – Disse ele olhando em frente. Eu olhei para ele mas depois voltei a
olhar em frente.
- Quando caí
bati com a cabeça em alguma coisa e por isso desmaiei e perdi a memória. Não
sei exactamente quanto tempo fiquei naquela margem do rio mas depois umas
pessoas encontraram-me e levaram-me para um hospital onde estive quase um ano
em coma. – Parei de falar e olhei-o mas ele continuava a olhar em frente, então
voltei o meu olhar para a frente também e continuei. – Depois que acordei não
me lembrava de nada, apenas soube o meu nome por causa da medalha que o Harry
me deu porque tem o meu nome gravado atrás. Arranjei um emprego naquele bar
como empregada de mesa e há pouco tempo o gerente ouviu-me cantar na
arrecadação e pediu-me para que eu à sexta cantasse.
Parei de falar
e ficamos em silêncio, algo me dizia que havia alguma coisa estranha nele.
Continuamos em silêncio até que chegamos ao meu apartamento e subimos. Ele
ficou na sala e eu dirigi-me ao quarto para arrumar as minhas roupas e outros
pertences. Passado um bocado ele foi ter comigo e sentou-se na cama e seguia
todos os meus movimentos, aquilo era muito estranho, ele não costumava ser tão
calado, pelo menos o Daniel que eu me lembrava não era calado.
- Daniel o que
se passa? – Já não aguentava mais aquela atitude dele.
Ele permaneceu
a olhar para mim e depois levantou-se tirando um envelope do bolso de trás das
calças, voltou a sentar-se e fez sinal para que eu me sentasse também. Era
estranho mas a expressão dele parecia-se imenso com a expressão que ele e o
Draco tinham quando eu recebi a carta de Voldemort o que me começava a assustar.
Ele respirou fundo e depois falou.
- O Draco não
sabe da existência desta carta. – Ele olhava para o chão o que me assustava
mais ainda. – A carta chegou logo depois que desapareceste e eu guardei-a antes
que o Draco visse, achei melhor assim porque ele estava muito abalado com tudo
aquilo. – Depois olhou para mim e continuou. – Desculpa mas eu abri-a e se
queres que seja sincero acho que o melhor é fazeres o que pedem.
- Mas do que
estás a falar? – Perguntou confusa.
Ele apenas me
entregou o envelope, eu peguei nele e olhei-o. Tinha o selo do Ministério da
Magia Búlgaro o que eu achei muito estranho. Abri o envelope e tirei o
pergaminho que lá estava, comecei a lê-lo.
Cara Miss Manson,
É com pesar que lhe escrevo a dizer que a
sua mãe adoptiva faleceu. Mrs Ivanov
sofreu um pequeno acidente enquanto
preparava uma poção em casa e mesmo sendo levada para o hospital não a
conseguiram salvar.
Ela
deixou em testamento que todos os seus bens deveriam ser entregues a si e por
isso lhe escrevo a comunicar que deverá vir o mais rápido que puder até ao
Ministério da Magia Búlgaro a fim de resolver alguns assuntos burocráticos.
Pois como deve saber Mrs Ivanov era detentora de inúmeras propriedades e também
era da direcção da Escola de Durmstrang.
Com
os melhores cumprimentos,
Boris
Ganchev
Ministro
da Magia
- Tu achas que eu devo ir? – Perguntei
sem desviar o olhar do pergaminho e com os olhos húmidos devido à notícia.
- Acho que sim. – Ele permanecia a olhar
para o chão.
- E o Draco?
- Ele vai tentar ir contigo mas eu acho
melhor ele ficar. – Agora ele olhou para mim e eu desviei o meu olhar do
pergaminho e fixei os olhos verdes dele. – Acho que tu também precisas de um
tempo sozinha para pensar em tudo que aconteceu. Arrumar as ideias por causa do
teu pai, da morte da tua mãe adoptiva, de certeza que ela era importante para
ti.
- Sim, ela era importante para mim.
Eu levantei-me e voltei a arrumar as
coisas. Quanto já tudo estava na mala fui até à escrivaninha e escrevi um
pequeno bilhete para o Draco, era mais fácil se eu fosse sem me despedir,
depois dobrei-o, guardei-o no bolso das calças e virei-me para Daniel que
permanecia sentado na cama.
- Podes levar-me até ao Ministério?
Preciso dum botão de transporte para a Bulgária.
- Claro.
Ele ajudou-me a levar a mala e fomos
calmamente até ao Ministério, eu rezava para não encontrar Draco lá. Quando
chegamos lá fomos até à recepcionista que revistou a varinha de Daniel, já que
a minha tinha desaparecido, e nos indicou o lugar para onde devíamos ir. Daniel
acompanhou-me até à secção dos transportes mágicos onde eu depois de entregar a
carta que tinha recebido tive autorização para usar um botão de transporte e
partir rumo à Bulgária.
- Entrega isto ao Draco. – Pedi ao
Daniel enquanto lhe entregava o pedaço de papel dobrado. – E toma conta dele.
- Está descansada, eu faço isso. Fi-lo
durante cinco anos. – Disse sorrindo e dando-me um beijo carinhoso no rosto. –
Volta rápido.
- Vou tentar.
Assim que terminei de falar fui sugada
pelo botão de transporte. Estava de volta à Bulgária. Primeiro trataria dos
assuntos no Ministério, já que ali estava, depois iria a Durmstrang por causa
da directoria. E eu tinha a sensação que dentro daquela escola o passado me
iria atormentar novamente.
(Continua)
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