Diários do Nosso Amor - 14. Diário de Draco


«Eu simplesmente já não sei o que sinto por ele.». «Adeus Malfoy!». Estas duas frases não saiam da sua cabeça. Passou toda a noite a ler e reler o pequeno caderno que Granger lhe tinha dado, ou melhor, atirado. Ainda não conseguia perceber exactamente o que tinha acontecido. Talvez ela simplesmente quisesse esquecer tudo o que tinha acontecido entre eles ou talvez ela não tivesse coragem para lhe dizer olhos nos olhos que não queria mais vê-lo. Fosse qual fosse a hipótese, nenhuma delas lhe agradava.
Draco não sabia porquê mas parecia já não conseguir viver sem ter Granger por perto. Saber que ela não queria mais vê-lo, que ela não queria nem sequer aproximar-se dele, doía de uma maneira que ele não sabia explicar. Ele estava acostumado a não ter sentimentos por ninguém e agora via-se na incerteza de todos aqueles sentimentos estranhos que pairavam na sua mente e no seu coração.
Aquela era a aula de História da Magia mais longa da sua vida. Ter Granger tão perto e ao mesmo tempo tão longe era doloroso demais. Draco tinha vontade de levantar-se e gritar com ela. Talvez assim ela percebesse o quanto o estava a fazer sofrer.

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Mas o que se passa na cabeça daquela maluca? Será que ela não percebe o que eu estou a passar? Tudo bem, ela está a sofrer por causa do idiota do Weasley mas mesmo assim isso não é motivo para me fazer sofrer a mim. Fazer-me sofrer? Raios… Eu estou a sofrer por causa dela e nem sequer sei exactamente porquê.
E estou curioso… Qual terá sido a mentira que ela terá inventado ao Weasley? Se ele não veio atrás de mim é porque ela não lhe contou sobre nós dois. Porquê? Porque é que ela mentiu?
Nunca me senti tão confuso na minha vida. E tudo por causa de alguém que eu nunca me importei, que eu sempre gostei de irritar. Agora fico com um aperto no peito sempre que a vejo chorar, sempre que vejo o olhar triste dela.
Como eu gostava de conseguir percebe-la.

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Já se tinham passado cinco longos dias desde a última vez que estiveram juntos. Draco nunca mais conseguiu chegar perto da morena, sempre que ele se tentava aproximar ela fugia, por vezes quase corria para longe dele. O loiro começava a não saber mais o que fazer, cada vez mais sentia a falta da Granger e isso deixava-o bastante irritado.
- Draquinho, vamos andar um pouco, eu queria ver as montras. – Dizia Pansy agarrando o braço de Draco e tentando puxa-lo.
- Eu já disse que não quero sair daqui Pansy. – Disse o loiro sem ao menos desviar o olhar da porta do Três Vassouras.
Pansy deu-se por vencida e decidiu sair sozinha, ela não suportava mais o mau humor do loiro. Draco permaneceu no mesmo lugar onde já se encontrava há mais de uma hora, sem desviar um segundo os olhos da porta, a esperança de ver Granger entrar naquele bar era a única coisa que o mantinha ali. E a sua persistência foi recompensada quando ele finalmente viu a morena entrar no bar acompanhada de Ginny Weasley.
Por um momento Draco teve vontade de se levantar e ir até elas mas permaneceu no lugar onde estava, não queria que a morena voltasse a fugiu dele, não naquele dia em que eles finalmente estavam tão perto já que a única mesa livre era precisamente a mesa ao seu lado.
As duas conversavam animadas e o loiro percebeu que falavam algo relacionado a uma festa. A sua curiosidade aumentou ainda mais ao perceber que a festa era para a Granger, ela festejaria o décimo sétimo aniversário no dia seguinte. Prestou ainda mais atenção para saber onde essa festa iria ser, não podia perder essa oportunidade, essa era uma excelente ocasião para poder aproximar-se da morena. Quando a Weasley falou da Sala das Necessidades, Draco não pode deixar de sorrir ao lembrar-se do momento que passou lá com a morena e também porque se a festa fosse lá seria muito mais fácil para ele poder entrar.
Draco ficou mais uns minutos ali sentado até que Granger concordou com a festa e elas acertaram as horas para que depois pudessem falar com as pessoas que iriam convidar. Depois de ter todas as informações que desejava levantou-se e caminhou até à porta do bar. Apenas quando ele se levantou é que as outras duas perceberam que ele tinha estado sentado perto delas.
O loiro percorreu calmamente as ruas de Hogsmeade enquanto olhava as montras. Nunca tinha comprado nada para uma rapariga antes, mas queria dar algo à morena, mesmo que ela depois deitasse fora, queria-lhe mostrar que ela não era apenas mais uma como talvez ela pensava, pois agora ele tinha a certeza de que sentia algo por ela que nunca tinha sentido por nenhuma outra.
A escolha do presente ideal foi difícil e tudo complicava mais ainda por ele não querer que ninguém o visse a comprar alguma coisa que não fosse para ele. Draco continuava a caminhar até que de repente algo numa montra o chamou à atenção. Ele não hesitou, aquele era sem dúvida o presente ideal para oferecer à morena. Ele entrou na loja olhando em todas as direcções, verificando se ninguém o via lá.
- Em que posso ajuda-lo meu jovem? – Perguntou a dona da velha loja.
- Eu queria aquilo que está ali na montra. – Disse apontando para a montra.
- Oh, muito bom gosto meu jovem. É para oferecer à sua namorada?
Draco não soube o que responder, ela não era sua namorada mas ele não se importaria se fosse.
- Mais ou menos. – Disse ele sem sequer olhar a mulher.
A dona da loja sorriu ao perceber a hesitação do loiro e foi até à montra buscar o presente para que pudesse embrulha-lo.
- Não é necessário embrulhar. Eu levo-o assim. – Disse o loiro esticando a mão.
- Claro. – Disse ela entregando-lhe o presente. - São cem galeões.
Draco olhou-a com uma sobrancelha erguida, aquilo não poderia ser tão caro, mas para sua sorte ele andava sempre com bastante dinheiro no bolso. Pagou à mulher e dirigiu-se à porta guardando o presente no bolso das calças. Teria de o esconder bem até ao dia seguinte.

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Não consegui dormir nada esta noite. Pensei em todas as possibilidades que podem ocorrer quando eu entrar logo à noite na festa da Granger mas eu acho que me escapou a que realmente vai acontecer. Aquela Gryffindor é demasiado imprevisível, nunca sei o que ela fará numa qualquer situação.
Logo vou também devolver-lhe o diário, afinal é dela não? E além disso eu já não o quero, acho que já sei de cor todas as frases que ela escreveu naquelas páginas. Estou realmente ansioso para estar perto dela. Eu sei que não poderei fazer tudo o que queria mas acho que dar-lhe um presente não tem mal nenhum certo?
Enfim… Depois logo se vê o que acontece. Só espero que ela não me atire com o presente à cara, isso sim iria doer (e não estou a falar em dor física porque aquilo provavelmente não magoa nada).
Já só faltam seis longas horas e depois finalmente é a hora da festa. Não falta muito… Ahhhh a quem é que eu quero enganar, para mim falta uma eternidade. É nestes momentos que um vira-tempo dava jeito, assim poderia simplesmente adiantar a hora. O pior é que depois existiriam dois Dracos… Ok, esta foi uma péssima ideia!!

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Draco estava sentando perto do lago, esperava que assim o tempo passasse mais depressa mas parecia que o tempo estava contra ele. Encolheu o caderno, a pena e o tinteiro e colocou-os no bolso das calças. Ajeitou-se melhor contra o tronco da árvore, fechando os olhos e apreciando a suave brisa que passava ali.
O loiro abriu os olhos lentamente, o céu já estava escuro e o frio da noite fê-lo tremer. Só então percebeu que tinha adormecido ali no jardim e que provavelmente já seriam horas de jantar. Apressou-se a levantar-se e caminhou a paços largos para dentro do castelo. Ao chegar ao hall de entrada viu que este estava pouco movimentado mas o barulho de vozes vindas do Salão Principal deu-lhe a confirmação de que realmente era hora do jantar.
Ele foi caminhando lentamente até ao seu lugar na mesa de Slytherin e quando se sentou olhou, quase como um hábito, para a mesa de Gryffindor à procura da morena. Lá estava ela na companhia de Ginny Weasley e longe de Ron Weasley e Harry Potter. Não que este último tivesse alguma coisa contra o termino do namoro dos amigos mas como o ruivo se recusava a sentar-se perto da morena ele ficava com o amigo enquanto a sua namorada ficava com a amiga. Tinha sido assim desde o dia quem que a Granger terminara o relacionamento com o Weasley.
O jantar correu tranquilamente e Draco apenas saiu do Salão Principal uns minutos depois da morena. Ele iria dali directamente para a Sala das Necessidades. O diário da Granger e o presente estavam ambos encolhidos e guardados no bolso das suas calças, por isso não havia necessidade de ir à sua sala comum. Quando ouviu o relógio da torre dar as nove horas da noite, Draco levantou-se e dirigiu-se calmamente até ao sétimo andar, ainda tinha meia hora até ao início da festa.
O coração do loiro batia acelerado e ele tinha a certeza que não era devido às inúmeras escadas que já tinha subido mas sim devido à sua aproximação da Sala das Necessidades e, consequente, à sua aproximação de Hermione Granger.

(Continua)

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