Um Plano de Vingança - 18. Tarde Demais


Estávamos a entrar no Ministério quando alguém nos chamou. Virei-me para trás e vi o meu tio Mark (eu já sabia que ele não era verdadeiramente meu tio mas era a força do hábito). Não sei o que ele estava ali a fazer mas fiquei logo a saber quando ele se aproximou.
- Onde é que vocês pensam que vão sem mim? – Disse ele com um olhar sério olhando para nós os seis. – A Mrs Weasley contou-me tudo e nem pensem que vão salvar a Suzane sem a minha ajuda.
Ninguém protestou, apenas assentimos com a cabeça para que ele nos acompanhasse. Afinal, era mais uma ajuda e quantos mais melhor, não? Fomos em direcção ao Departamento dos Transportes Mágicos e pedimos um botão de transporte para a Bulgária, não demorou muito e lá nos deram permissão para usarmos um. Como sempre tive aquela sensação desagradável quando o botão foi activo.
Assim que senti de novo o chão por baixo dos pés abri os olhos e por mementos pensei que não tínhamos saído de Londres, o Ministério Búlgaro era em tudo idêntico ao Inglês. Olhei em volta e vi Mark afastar-se, indo em direcção a um dos funcionários. Não percebi o que eles falavam mas pela cara de Mark parecia estar a ter resultados positivos no que quer que estivesse a falar.
- Ela realmente já não está aqui. – Disse Mark assim que se aproximou de novo de nós. – Ela e o tal Hristov foram para a Albânia.
Ficamos em silêncio durante algum tempo até que a Granger fez a mesma pergunta que martelava na minha cabeça.
- E ninguém a impediu? Tenho a certeza que ela foi levada à força.
- Eu também fiz essa pergunta ao funcionário e ele disse-me que ela parecia muito alegre. – Disse Mark olhando para nós como se quisesse que percebesse algo.
- Maldição Imperius. – Eu disse como se fosse a coisa mais óbvia e de facto para mim era.
Não perdemos mais tempo, Mark voltou a falar com o funcionário e quando dei conta já aquela sensação de aperto sufocante se tinha apoderado de mim. Fomos para uma pequena aldeia da Albânia, onde se via uma colina ao longe.
Não sei como é que o Mark conseguiu tanta informação, afinal os funcionários do Ministério não deveriam dar assim tantas informações de outros feiticeiros a desconhecidos mas isso naquele momento era o menos importante, eu queria era encontrar a Suzane e leve-la de volta para Londres.
- Ali! – Ouvi Mark dizer enquanto apontava para uma mansão no cimo de uma colina. – Assemelha-se à descrição que o funcionário me fez.
Não perdemos mais tempo e fomos o mais rápido que podíamos pela colina acima. Preparamos as nossas varinhas assim que nos aproximamos, não podíamos dar-nos ao luxo de sermos apanhados desprevenidos.
- Suzane! – Gritei quando me aproximei das grades que rodeavam o terreno ao redor da mansão.
- Malfoy, pára de gritar. – Disse o Potter enquanto me segurava no braço. – Assim não resolvemos nada e ainda para mais perdemos o efeito surpresa.
Ele tinha razão, o melhor era apanhar aquele maldito sequestrador desprevenidos. Mas já era tarde de mais, a porta da frente da mansão abriu-se e de lá saiu um homem alto e magro de cabelo escuro. Aquele só podia ser o tal de Ivan Hristov.
- Eu não tinha dito para não virem atrás da Suzane? – É parece que acertei, aquele era mesmo o idiota do sequestrador.
- Não interessa aquilo que digas… - Eu tentava falar normalmente mas a minha vontade era matar aquele idiota. – A Suzane vai connosco quer queiras ou não queiras.
E o mais estranho aconteceu… O Hristov riu-se. Mas não um riso cínico, ele teve a coragem de gargalhar na minha cara. Agora sim ele ia morrer.
- Eu não acho que ela queira ir com vocês. – Disse ele quando finalmente parou com as gargalhadas, pena não se ter engasgado e morrido sufocado.
- É claro que ela quer ir connosco. – Disse e acrescentei em pensamento “isso não é óbvio?”
Vi-o estalar os dedos e um pequeno elfo doméstico aparecer ao seu lado. O Hristov disse algo ao elfo que eu não consegui ouvir, e então, o elfo fez uma vénia e desapareceu.
Ficamos todos a tentar perceber o que estava a acontecer, até que alguns minutos depois, que para mim pareceram horas, o elfo voltou mas desta vez vinha alguém atrás dele. Essa pessoa colocou-se ao lado do Hristov e então eu consegui ver quem era. Nesse momento o meu coração parou.
- Suzane. – Sussurrei.
Eu não tinha dúvidas de que aquela mulher era realmente ela, mas parecia tão diferente da última vez que a tinha visto. Usava um longo vestido vermelho, que lhe ficava justo ao corpo até à cintura e depois ficava solto ao longo das pernas, o cabelo escuro tinha crescido imenso, pois agora batia-lhe no fundo das costas, mas o pior eram os olhos, estavam de um azul opaco, como se não conseguisse ver nada à sua frente. Aquilo era uma visão assustada e um arrepio involuntário percorreu-me a espinha quando a imagem do misterioso poder dela me veio à mente, nesse dia os olhos da Suzane estavam também assim.
Olhei em volta e todos estavam em choque tal como eu, principalmente o Daniel e o Potter pois pareciam ter-se lembrado também da mesma situação que eu. E o mesmo pensamento parecia pairar sobre nós, “ele fez alguma coisa à Suzane e nós chegamos tarde de mais para o impedir”.

(Continua)

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