Eu ainda não sei se aquilo que fiz foi o melhor. Não sei se continuar afastado de Hermione é o melhor para os dois mas mesmo assim vou ter de continuar afastado dela. Ela deixou bem claro naquele diário que não me quer mais perto dela e é isso que eu tenciono fazer, mesmo que para isso tenha de sofrer, mesmo que para isso o meu peito doa e eu me sinta a cada dia pior.
Nunca pensei que um dia me iria apaixonar, principalmente por alguém como Hermione, alguém que eu sempre considerei inferior, alguém que eu sempre disse odiar pelo seu sangue e pela companhia que ela tinha, mas apaixonei-me e eu sinceramente não me arrependo de nada do que aconteceu desde o início deste ano, não me arrependo do que sinto por ela.
Sei que nós dois juntos nunca daremos certo, existem tantos entraves. Os amigos dela nunca me iriam aceitar, iriam fazer de tudo para nos afastar e eu prefiro afastar-me agora do que viver feliz ao lado dela e depois tudo se desmoronar. Prefiro viver com os meus sonhos do que vê-los mais tarde destruídos e vê-la novamente infeliz.
Agora eu sei que a amo com todas as minhas forças e é por isso que eu prefiro vê-la ao longe, feliz e rodeada de amigos, do que tê-la perto de mim e vê-la infeliz pelos amigos a terem abandonado, porque eu sei que é isso que eles farão se descobrirem o que aconteceu entre mim e ela.
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Draco estava deitado na sua cama, colocou o caderno e a pena ao seu lado e virou-se de costas olhando para o tecto. Ele não sabia o que mais pensar, não sabia o que mais fazer mas achou que aquela era a melhor solução. Nenhum dos amigos dela iria aceitar aquele relacionamento, não depois de todo o mal que ele fez, não depois de tudo o que ele fez Hermione sofrer.
Já era bastante tarde quando Draco finalmente conseguiu adormecer. Na manhã seguinte acordou sem muita disposição para aulas, principalmente porque naquele dia teria aulas conjuntas com Gryffindor e isso significava encontrar Hermione e ele não sabia como ela iria reagir ao vê-lo depois do que tinha acontecido na noite anterior, ele nem sequer sabia o que ela tinha pensado depois de ter recebido o seu presente, mas no fundo esperava que ela tivesse gostado e que se lembrasse dele sempre que olhasse para aquele pingente. Levantou-se e foi tomar um banho antes de sair para o Salão Principal.
- Então Draco que andaste a fazer durante a noite? Estás com umas olheiras horríveis. – Disse Blaise quando Draco saiu para o Salão Comum de Slytherin.
- Apenas dormi mal. – Disse ele sem grande entusiasmo e continuou o seu caminho para fora do Salão deixando o outro Slytherin a olhar para ele desconfiado.
Draco caminhava em silêncio pelos corredores ainda com pouco movimento quando ao entrar no Salão Principal esbarra numa pessoa. Ele já ia começar a resmungar quando viu que a pessoa à sua frente era o motivo da sua distracção, o motivo da sua noite mal dormida.
- Desculpa. – Disse o loiro baixo sem sequer olhar Hermione nos olhos e seguindo rumo à mesa de Slytherin.
- O que foi aquilo? – Ouviu Potter perguntar.
- Não sei. Mas vamos embora. – Disse uma Weasley bastante aflita tentando tirar o namorado dali.
“Ela deve saber o que aconteceu entre mim e Hermione”, pensou Draco já sentado à mesa com um prato de torradas à sua frente.
Naquele dia tudo aconteceu como nos dias anteriores. Hermione não o olhava e tentava ao máximo ficar longe dele, isso deixava o loiro cada vez mais angustiado. E assim seguiram os dias e as semanas. Já se tinha passado mais um mês e tudo continuava igual, excepto para Draco. Ele estava cada dia mais abatido, a cada dia que passava a falta de Hermione doía cada vez mais, ele já não sabia mais o que fazer para se controlar sempre que a via no corredor. A vontade de a ter de novo nos seus braços era cada vez maior.
Numa tarde de domingo particularmente fria Draco caminhava pelos corredores desertos e ouviu ao longe uma voz exaltada. A sua curiosidade venceu e ele caminhou em direcção à voz. Quando chegou a outro corredor viu que aquela voz era do Weasley. Ele discutia com Hermione e ele foi-se aproximando para conseguir perceber melhor o motivo da discussão.
- Eu li o teu diário. Tu traíste-me com o Malfoy e ainda tiveste a coragem de me mentir. Como é que tu foste capaz de te deitar com aquele nojento mesmo depois de tudo o que ele te fez passar?! – Gritava Weasley. – Tu não passas de uma puta.
Hermione não conseguia falar, chorava descontroladamente. Draco não aguentou vê-la naquele estado, tinha de a defender. Não podia deixar a mulher que ele amava ser tratada daquela maneira por aquele que se dizia amigo dela há anos, por aquele que foi seu namorado.
- Não voltas a falar assim com ela. – Gritou Draco enquanto dava um soco no nariz do Weasley fazendo-o cair no chão.
O ruivo levantou-se e os dois começaram a distribuir socos e pontapés um ao outro enquanto Hermione gritava para que eles parassem, mas eles pareciam não ouvir. Ambos descontavam a raiva e o ódio que sentiam um no outro.
- Parem por… - Hermione não conseguiu terminar a frase e desmaiou.
Draco no momento em que se desviava de mais uma investida do ruivo viu Hermione cair ao chão e sem pensar duas vezes correu até ela, ajoelhando-se ao seu lado.
- Hermione. – Chamava o loiro abanando um pouco a morena. – Hermione por favor acorda.
- Afasta-te dela Malfoy. – Disse o ruivo tentando empurrar Draco para longe da morena.
Draco empurrou Weasley e pegou em Hermione ao colo correndo com ela para a enfermaria deixando para trás um ruivo furioso e ao mesmo tempo curioso com a atitude do loiro. Ao entrar na enfermaria gritou pela enfermeira que correu até eles quando viu Hermione desmaiada. Draco deitou a morena numa das camas e a enfermeira começou a examina-la. O loiro sentia-se cada vez mais nervoso sem saber o que se passava. Minutos depois Hermione abria os olhos.
- Como se sente Miss Granger? – Perguntou a enfermeira delicadamente.
- Enjoada. – Foi a única coisa que ela conseguiu dizer antes de se virar para o lado e vomitar.
- É normal no seu estado. – Disse a enfermeira docemente. – Todas as mulheres passam por isso quando estão grávidas.
Aquilo foi um choque, tanto para Draco como para Hermione. “Como assim grávida?!”, pensava o loiro.
- Grávida? – Disse Hermione baixinho e olhando para a barriga ainda lisa.
- Sim Miss Granger. Devo dizer que de quase dois meses. – Confirmava a enfermeira. – Nunca se sentiu enjoada antes?
Hermione parecia pensativa e segundos depois apenas abanava a cabeça confirmando as suspeitas da enfermeira. Draco olhava toda a cena como se aquilo não passasse de um sonho. Era impossível, mas pensando melhor na situação, das vezes que eles tinham feito amor nunca tinham usado qualquer protecção, nunca se tinham lembrado daquilo e agora estava ali a consequência dos seus actos.
- Eu vou ser pai?! – Foi tudo o que Draco conseguiu dizer ainda em choque.(Continua)
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