Hermione estava apreensiva. Durante todo
o caminho para Hogsmeade ela pensava nas muitas coisas que poderiam acontecer
durante a conversa com Narcisa Malfoy. Enquanto caminhavam até ao Três
Vassouras, Hermione sentiu Draco apertar-lhe a mão, ele também estava tenso.
Hermione sabia que a mãe de Draco faria qualquer coisa por ele, Harry tinha-lhe
contado como Narcisa havia mentido a Voldemort dizendo-lhe que Harry estava morto
apenas para poder saber se o filho estava bem, mas Narcisa Malfoy enfrentaria o
marido para proteger uma nascida muggle e uma criança mestiça? Essa pergunta
rodava na sua cabeça.
A morena despertou dos seus pensamentos
quando ouviu o pequeno sino da porta do Três Vassouras indicando que a porta
tinha sido aberta. Hermione olhou para Draco e este olhava-a com um sorriso
quase imperfectível nos lábios e depois olhou em volta procurando a mãe.
Hermione olhou na mesma direção que
Draco olhava agora e viu-a sentada na mesa mais afastada do pub. O seu cabelo
loiro preso num coque impecável, o vestido de seda azul-escuro elegante. Todo o
seu aspeto lhe dava um ar imponente e Hermione sentiu-se ainda mais apreensiva.
Draco puxou-a gentilmente até à mesa e ela deixou-se levar por ele, sabia que
ao seu lado estaria segura.
- Bom dia mãe! – Disse Draco quando eles
chegaram junto à mesa onde Narcisa se encontrava.
- Bom dia meu querido. – Disse Narcisa
sorrindo amavelmente para o filho e depois desviou o olhar para Hermione, sem
deixar de sorrir. – Bom dia Miss Granger.
- Bom… Bom dia Mrs Malfoy. – Gaguejou
Hermione, forçando um pequeno sorriso.
Draco olhou para a mãe um pouco
desconfiado com toda aquela simpatia. Narcisa voltou a olhar para o filho e uma
pequena gargalhada escapou-lhe dos lábios.
- Ora Draco, não me olhes assim. Eu não
vim aqui para vos fazer mal, eu vim para conversarmos. – Disse ela enquanto
indicava duas cadeiras para que eles se sentassem. – Eu fiquei realmente muito
surpresa quando o teu pai me contou sobre Miss Granger e no início concordei
com o teu pai mas depois que recebi a tua carta a pedir para nos encontrarmos
eu percebi que esta jovem é mesmo importante para ti. Estou certa Draco?
- Sim mãe. Eu amo a Hermione e eu não
iria aguentar que algo de mal lhe acontecesse. – Draco falava olhando nos olhos
da mãe e sentia o olhar de Hermione sobre si. Ele sabia que ela estava surpresa
pelas suas palavras, afinal ele nunca tinha dito tão abertamente que a amava.
Narcisa permaneceu alguns segundos em
silêncio olhando para os dois jovens e suspirando pegou nas mãos nos dois.
- Eu acredito em ti Draco. Eu posso ver
o quanto vocês gostam um do outro mas, diz-me meu querido, como é que isso
aconteceu?
Draco e Hermione olharam um para o outro
e coraram, fazendo Narcisa rir, mas depois Draco contou resumidamente o que
tinha acontecido entre eles os dois desde o início daquele ano. Narcisa
escutava tudo sem dizer uma palavra, observando atentamente os dois jovens. Ela
não tinha dúvidas de que aquele casal se amava e ela sabia que se algo de mal
acontece com Hermione ou o bebé Draco ficaria arrasado e ela, como sua mãe, não
podia permitir que isso acontecesse.
Era algo que ela tinha aprendido durante
a última guerra contra Voldemort, a felicidade e o bem-estar do seu filho
estava acima de qualquer coisa. Narcisa Malfoy já não acreditava na distinção
de sangue, já não lhe importava os estatutos sociais ou a pureza do sangue da
sua família, contando que o seu único filho estivesse bem e feliz. Ela
enfrentaria qualquer pessoa, mesmo o seu marido, para manter Draco, Hermione e
o bebé a salvo.
- Diz-me querido, tu queres que eu faça
o teu pai mudar de ideias em relação a Hermione e o bebé não é verdade? –
Perguntou Narcisa depois que Draco contou toda a sua história com Hermione.
Draco olhou nos olhos da mãe e simplesmente afirmou com a cabeça. – Então é
isso que farei! – Eu irei proteger-vos aos três, não têm que se preocupar.
Narcisa levantou-se e Draco e Hermione
fizeram o mesmo. A mais velha aproximou-se deles e abraçou-os com carinho.
Hermione ficou surpresa no início mas depois correspondeu ao abraço deixando
pequenas lágrimas escorrerem pela sua face. Quando se afastaram Narcisa sorriu
para Hermione e com gentileza limpou-lhe as lágrimas do rosto.
- Agora eu preciso ir embora. – Disse
Narcisa olhando para Draco. – Querido, eu irei falar com o teu pai mas se mesmo
assim ele insistir naquela idiotice eu irei fazer tudo o que estiver ao meu
alcance para vos proteger.
Narcisa deu um abraço rápido a cada um e
depois foi embora deixando os dois jovens para trás.
- Correu melhor que eu esperava. – Disse
Draco minutos depois enquanto caminhavam novamente para o castelo.
- Sim, eu pensei que ela se iria opor. –
Hermione disse olhando diretamente para o castelo. – Draco, tens a certeza que
ela não nos estava a enganar?
Draco parou de repente fazendo Hermione
parar também. Por momentos ela pensou que ele tivesse ficado chateado mas
quando Draco falou a sua voz era calma.
- Eu tenho a certeza que ela falava a
verdade. A minha nunca me mentiu. Se ela estivesse contra o nosso
relacionamento e o nosso filho ela diria, não duvides disso.
Hermione simplesmente concordou com a
cabeça e eles voltaram a caminhar calmamente até Hogwarts. Assim que chegaram
aos portões do castelo foram cercados pelos amigos que falavam todos ao mesmo
tempo querendo saber o que tinha acontecido.
- Eu sabia que a tia Narcisa iria
ajudar. – Disse Blaise depois que Hermione e Draco contaram toda a conversa.
- Bem, eu tinha esperança que tudo
corresse bem. – Disse Ginny abraçando Hermione que sorria para a ruiva.
Os cinco jovens ficaram mais algum tempo
nos jardins do castelo a conversar. Hermione estava feliz por a conversa com Narcisa
Malfoy ter corrido tão bem. Ela não se sentia assim tão feliz à algum tempo.
Ao longe, numa das janelas de Hogwarts uma
cabeleira ruiva esvoaçava com a fraca brisa do vento. Ronald Weasley observava os
amigos e antigos rivais conversarem animados nos jardins do castelo. Ele sabia que
tinha tomado a decisão certa quando resolveu ajudar Hermione e Draco. Na sua cabeça
agora estava claro que o que sempre sentiu por Hermione não era amor entre um homem
e uma mulher, mas sim um amor fraternal, o amor entre dois melhores amigos, dois
irmãos. E ele sabia que Hermione amava Draco e Draco amava-a também. Agora, Ronald
Weasley seria o salvador daquele amor, um herói escondido.
(Continua)
Nenhum comentário:
Postar um comentário