Diários do Nosso Amor - 23. A Decisão de Narcisa


Hermione estava apreensiva. Durante todo o caminho para Hogsmeade ela pensava nas muitas coisas que poderiam acontecer durante a conversa com Narcisa Malfoy. Enquanto caminhavam até ao Três Vassouras, Hermione sentiu Draco apertar-lhe a mão, ele também estava tenso. Hermione sabia que a mãe de Draco faria qualquer coisa por ele, Harry tinha-lhe contado como Narcisa havia mentido a Voldemort dizendo-lhe que Harry estava morto apenas para poder saber se o filho estava bem, mas Narcisa Malfoy enfrentaria o marido para proteger uma nascida muggle e uma criança mestiça? Essa pergunta rodava na sua cabeça.
A morena despertou dos seus pensamentos quando ouviu o pequeno sino da porta do Três Vassouras indicando que a porta tinha sido aberta. Hermione olhou para Draco e este olhava-a com um sorriso quase imperfectível nos lábios e depois olhou em volta procurando a mãe.
Hermione olhou na mesma direção que Draco olhava agora e viu-a sentada na mesa mais afastada do pub. O seu cabelo loiro preso num coque impecável, o vestido de seda azul-escuro elegante. Todo o seu aspeto lhe dava um ar imponente e Hermione sentiu-se ainda mais apreensiva. Draco puxou-a gentilmente até à mesa e ela deixou-se levar por ele, sabia que ao seu lado estaria segura.
- Bom dia mãe! – Disse Draco quando eles chegaram junto à mesa onde Narcisa se encontrava.
- Bom dia meu querido. – Disse Narcisa sorrindo amavelmente para o filho e depois desviou o olhar para Hermione, sem deixar de sorrir. – Bom dia Miss Granger.
- Bom… Bom dia Mrs Malfoy. – Gaguejou Hermione, forçando um pequeno sorriso.
Draco olhou para a mãe um pouco desconfiado com toda aquela simpatia. Narcisa voltou a olhar para o filho e uma pequena gargalhada escapou-lhe dos lábios.
- Ora Draco, não me olhes assim. Eu não vim aqui para vos fazer mal, eu vim para conversarmos. – Disse ela enquanto indicava duas cadeiras para que eles se sentassem. – Eu fiquei realmente muito surpresa quando o teu pai me contou sobre Miss Granger e no início concordei com o teu pai mas depois que recebi a tua carta a pedir para nos encontrarmos eu percebi que esta jovem é mesmo importante para ti. Estou certa Draco?
- Sim mãe. Eu amo a Hermione e eu não iria aguentar que algo de mal lhe acontecesse. – Draco falava olhando nos olhos da mãe e sentia o olhar de Hermione sobre si. Ele sabia que ela estava surpresa pelas suas palavras, afinal ele nunca tinha dito tão abertamente que a amava.
Narcisa permaneceu alguns segundos em silêncio olhando para os dois jovens e suspirando pegou nas mãos nos dois.
- Eu acredito em ti Draco. Eu posso ver o quanto vocês gostam um do outro mas, diz-me meu querido, como é que isso aconteceu?
Draco e Hermione olharam um para o outro e coraram, fazendo Narcisa rir, mas depois Draco contou resumidamente o que tinha acontecido entre eles os dois desde o início daquele ano. Narcisa escutava tudo sem dizer uma palavra, observando atentamente os dois jovens. Ela não tinha dúvidas de que aquele casal se amava e ela sabia que se algo de mal acontece com Hermione ou o bebé Draco ficaria arrasado e ela, como sua mãe, não podia permitir que isso acontecesse.
Era algo que ela tinha aprendido durante a última guerra contra Voldemort, a felicidade e o bem-estar do seu filho estava acima de qualquer coisa. Narcisa Malfoy já não acreditava na distinção de sangue, já não lhe importava os estatutos sociais ou a pureza do sangue da sua família, contando que o seu único filho estivesse bem e feliz. Ela enfrentaria qualquer pessoa, mesmo o seu marido, para manter Draco, Hermione e o bebé a salvo.
- Diz-me querido, tu queres que eu faça o teu pai mudar de ideias em relação a Hermione e o bebé não é verdade? – Perguntou Narcisa depois que Draco contou toda a sua história com Hermione. Draco olhou nos olhos da mãe e simplesmente afirmou com a cabeça. – Então é isso que farei! – Eu irei proteger-vos aos três, não têm que se preocupar.
Narcisa levantou-se e Draco e Hermione fizeram o mesmo. A mais velha aproximou-se deles e abraçou-os com carinho. Hermione ficou surpresa no início mas depois correspondeu ao abraço deixando pequenas lágrimas escorrerem pela sua face. Quando se afastaram Narcisa sorriu para Hermione e com gentileza limpou-lhe as lágrimas do rosto.
- Agora eu preciso ir embora. – Disse Narcisa olhando para Draco. – Querido, eu irei falar com o teu pai mas se mesmo assim ele insistir naquela idiotice eu irei fazer tudo o que estiver ao meu alcance para vos proteger.
Narcisa deu um abraço rápido a cada um e depois foi embora deixando os dois jovens para trás.
- Correu melhor que eu esperava. – Disse Draco minutos depois enquanto caminhavam novamente para o castelo.
- Sim, eu pensei que ela se iria opor. – Hermione disse olhando diretamente para o castelo. – Draco, tens a certeza que ela não nos estava a enganar?
Draco parou de repente fazendo Hermione parar também. Por momentos ela pensou que ele tivesse ficado chateado mas quando Draco falou a sua voz era calma.
- Eu tenho a certeza que ela falava a verdade. A minha nunca me mentiu. Se ela estivesse contra o nosso relacionamento e o nosso filho ela diria, não duvides disso.
Hermione simplesmente concordou com a cabeça e eles voltaram a caminhar calmamente até Hogwarts. Assim que chegaram aos portões do castelo foram cercados pelos amigos que falavam todos ao mesmo tempo querendo saber o que tinha acontecido.
- Eu sabia que a tia Narcisa iria ajudar. – Disse Blaise depois que Hermione e Draco contaram toda a conversa.
- Bem, eu tinha esperança que tudo corresse bem. – Disse Ginny abraçando Hermione que sorria para a ruiva.
Os cinco jovens ficaram mais algum tempo nos jardins do castelo a conversar. Hermione estava feliz por a conversa com Narcisa Malfoy ter corrido tão bem. Ela não se sentia assim tão feliz à algum tempo.
Ao longe, numa das janelas de Hogwarts uma cabeleira ruiva esvoaçava com a fraca brisa do vento. Ronald Weasley observava os amigos e antigos rivais conversarem animados nos jardins do castelo. Ele sabia que tinha tomado a decisão certa quando resolveu ajudar Hermione e Draco. Na sua cabeça agora estava claro que o que sempre sentiu por Hermione não era amor entre um homem e uma mulher, mas sim um amor fraternal, o amor entre dois melhores amigos, dois irmãos. E ele sabia que Hermione amava Draco e Draco amava-a também. Agora, Ronald Weasley seria o salvador daquele amor, um herói escondido.

(Continua)

Nenhum comentário: