Uma História de Amor - 3. Fugindo de Sasuke... Encurralada


A partir daquele dia Sakura fez todos os possíveis para não estar mais perto de Sasuke. Ela não entendia porque fazia aquilo mas o que tinha acontecido no autocarro mexeu com ela. Talvez por ela nunca ter estado tão perto de um rapaz antes e não lhe parecia que o que o Sasuke tinha feito fosse normal, para ela aquela proximidade no dia em que se conheceram não podia ser normal.
Por seu lado Sasuke tinha achado a atitude de Sakura muito divertida. Nunca nenhuma rapariga tinha fugido dele daquela forma apenas por uma pequena aproximação. Claro que ele reparou que ela o evitava desde aquele dia e ele não iria descansar enquanto não soubesse o motivo, afinal todas as outras raparigas o perseguiam e fariam tudo por uma pequena aproximação dele, mas aquela rapariga não e ele não entendia porque ela era diferente.
Passaram quase duas semanas e nada mudou. Sakura continuava a evitar Sasuke, saindo sempre muito apressada da sala assim que as aulas terminavam. Mas um dia Sasuke, não aguentando mais aquela situação, seguiu-a sem que ela percebesse. Quando ele viu que ela iria novamente para o mesmo autocarro da outra vez sorriu para si próprio, o plano iria correr melhor do que ele esperava. Enquanto seguia para a paragem do autocarro, mantendo certa distância de Sakura, enviou uma mensagem ao irmão para que ele não o fosse buscar.
Quando o autocarro chegou ele deixou que todas as pessoas entrassem para que Sakura não o visse, ainda não era o momento para isso. Assim que entrou viu Sakura sentada no último banco e para sua felicidade ela estava sozinha e, melhor ainda, do lado da janela. “Encurralada e sem escapatória”, pensou ele sorrindo. Caminhou até ela e sentou-se, aproveitando a distracção da rapariga que olhava pela janela. Ficou em silêncio durante uns segundos à espera que ela reparasse na sua presença mas como isso não aconteceu ele decidiu falar.
- Olá Sakura! – Falou perto do ouvido dela assustando-a o que o fez sorrir de lado.
Sakura ao ouvir aquela voz tão perto virou-se encarando o moreno. Assim que viu de quem se tratava arregalou os olhos de surpresa.
- Sa…Sasuke?! - Gaguejou ela fazendo-o sorrir mais ainda perante aquela situação. – O que fazes aqui?
- Vim fazer-te companhia. – Respondeu ele com um sorriso torto fazendo-a arquear uma sobrancelha. – Ok, agora a sério. Vim saber porque me andas a evitar desde o primeiro dia de aulas, ou melhor, desde a tua saída repentina do autocarro.
Sakura ficou calada a olhar para ele. Como poderia explicar-lhe algo que nem ela mesma entendia? Seria melhor fazer-se de desentendida ou então mentir, mesmo não sendo nada boa nessas duas coisas.
- Não sei do que estás a falar. – Mentiu tentando a todo o custo ser o mais convincente possível. – Eu saí do autocarro porque tinha chegado à minha paragem.
Ficaram durante alguns segundos calados olhando um para o outro. Sakura rezava internamente para que Sasuke acreditasse nela e ele por sua vez parecia divertido por ela mentir tão mal. “O teu maior erro foi não me olhares nos olhos, típico de um péssimo mentiroso”, pensou ele.
- Não me convenceste. – Disse ele por fim olhando para a frente, parecendo desinteressado.
Sakura não foi capaz de dizer nada e tentou ao máximo esquecer a presença do moreno que continuava a olhar em frente. De repente ela olhou pela janela vendo que a sua paragem estava muito perto. Levantou-se mas foi impedida por Sasuke que lhe agarrou o pulso e a puxou novamente para o banco.
- Eu tenho que sair nesta paragem. – Disse ela olhando directamente para ele. – Sasuke deixa-me passar.
- Não! – Foi a única resposta que ele deu sem sequer olhar para ela.
- O quê? – Sakura já estava a ficar assustada, não conhecia Sasuke muito bem e por isso não sabia o que ele pretendia.
- Só sais deste autocarro quando deixares de fazer de mim burro e me disseres porque me andas a evitar. E quero a verdade. – Desta vez ele olhou directamente para ela sem ainda ter largado o pulso de Sakura.
Ela ficou completamente estática a olhar para ele. “E agora o que faço?”, pensou ela, “se eu lhe disser o que senti ele vai pensar que eu estou apaixonada por ele, e isso não é verdade. Não pode ser verdade”.

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Azumi parou de escrever satisfeita com o seu trabalho aquela noite. Olhou para o relógio e verificou as horas.
- Tenho de descer para jantar. – Falou para si própria.
Levantou-se da cadeira procurando com os olhos os malditos chinelos. Se demorasse mais um minuto o seu pai ficaria irritado e isso não era nada bom.
Saiu do quarto percorrendo o enorme corredor até às escadas. Assim que chegou à sala de jantar sentou-se no seu lugar habitual e a empregada começou a servir o jantar. Como sempre tudo decorreu no maior silêncio, apesar de ela não gostar disso já se tinha habituado. Tudo naquela casa acontecia por hábito.
Mais um hábito era no final do jantar, quando o café era servido, a mãe de Azumi gostava de “fazer o ponto de situação”, como Azumi gostava de chamar. Ela queria sempre saber como tinha sido o dia dos filhos e também o do marido.
- A seca do costume. – Disse Azumi sem ânimo.
- Não devias falar assim filha. – Dizia a sua mãe com um olhar reprovador. – A escola é importante.
Azumi suspirou. Estava farta de ouvir aquela frase todas as noites, mas a verdade é que ela odiava as aulas.
- Se detestas assim tanto a escola porque não vais trabalhar comigo? – Dizia o pai olhando-a sério, recebendo olhares reprovadores da esposa. – Ou será que também não gostas?
No início Azumi olhou o pai espantada à espera que ele dissesse que estava brincar com ela, mas isso não aconteceu. Não conseguia acreditar no que tinha ouvido mas depois abriu um largo sorriso muito parecido com o da mãe.
- A sério? – Perguntou ela animada inclinando-se sobre a mesa para poder olhar melhor para o pai.
- Estou com cara de quem está a brincar? – Perguntou sério olhando bem nos olhos negros da filha. – Azumi tu és muito inteligente e não creio que faça mal parares um pouco os estudos e vires trabalhar comigo. Acho até que te vai fazer muito bem.
Azumi não aguentou ficar parada, fez algo que há anos não fazia. Correu a pouca distância entre ela e o pai e abraçou-o com força. Ele retribuiu o abraço e mantinha no rosto um sorriso imperceptível.

(Continua)

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